Iohana,
Escuta as lágrimas que caem
Inundando tudo...
Não, não
Descansa
Descansa de usar o corpo
Que nunca te coube
Dorme
Aí tem árvores imensas?
Eu precisava saber
Não, não
Esqueça
Eu não quero que me responda
Esse é só meu jeito de preencher o ar
As luzes do teatro do mundo
se apagaram finalmente
Escuta o apelo das pedras
No bolso do casaco
Não você, Iohana,
O leitor
Estou apenas sendo contemporânea
Ana
Florbela
Silvia
Medeia
Uma tragédia
Sem o último ato
Mas deixa o ato de ser o último
Só porque não o sabíamos?
Hilda esteve rouca
De tanto chamar por você
Ela já tem um novo lar
E nós
Estamos há 35 dias devassados
Entre estilhaços
Sombrios
Sem teto
E você, como está?
A pergunta veio dolorosamente atrasada
Diga-me: É isto liberdade?
Existe o nada?
Eu precisava...
Já chega, sim?
Não vim despejar minhas necessidades
Fiz poemas para salvar você
Mesmo que agora só exista o caos
Desculpa, Iohana
Descansa
Você vive dentro do meu amor
Não espero mais que me perdoe
por essa vida que me nego a tirar-te.
Eu não posso suportar
que você não exista
que eu não me lembre
da última frase que você me disse
Não suporto saber
que eu não estava lá
E tampouco estou agora
Eu te amo, Juju
Dorme teu sono justo