segunda-feira, 30 de junho de 2008

Comeu algumas pétalas da violeta que inventara.
De dentes arroxeados,
sorriu ao ver a cor de sépia ladear as nuvens
do céu gelado daquela cidade.

Quem sabe a chuva revigore egos vazios e fracos...

O fel apertou-lhe a garganta
E gotas salgaram seu rosto,
embeberam seu colo
Não se puderam amansar
Escorreram ao sabor do vento
Sem dissiparem-se de tão inteiras

Um rio veio correr por entre seus joelhos
E flutuaram suas lágrimas
no fulgor da água límpida
tão quanto um dia de verão em maio, 
As águas arrastaram-lhe ao infinito
Inundando seus olhos intumescidos.


   

quarta-feira, 11 de junho de 2008



Hoje não quero fibras entrecortadas...
Quero ruborescer de lábios
Deleites e provérbios
Recitados
Languidamente declamados

Quero cabelos roçando ombros
Toda saliva
Unhas escarlates
Tilintar de taças...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Ataque das Bruxas

Cruéis, insanas, enfadonhas
Abandonem-me bruxas!
Antes que corte estes pulsos sôfregos.

08/VI/08

terça-feira, 3 de junho de 2008

Hermética Estrela


Sou uma estrela apagada
De fuligem, pretume, lama e vaga luz
Calo-me gélida entre galáxias
Rosto vestido

Cabeça rodeada de letras prateadas
Não me pertencem
Subnitrato de traque são
Não possuir-las-ei
Em memórias de sei-não
Aparvalho-me se me devotam

Etéreos elogios denotarão

Que não há glória em quem costura lábios
Se mais pura maior o escasso

Se mais perto pior o fracasso

Inventaram-me por um simples momento de ócio
[Não existo!]
Pedra Burra Gelo Pavor Asco
Calada!

As letras me tomam

São letras alheias

As letras de prata

São letras roubadas
Ermas, CA-LA-DAS
Derramam-se sozinhas e pobres para dentro de meu nunca-mais

Ellen Joyce


02/06/08