quinta-feira, 22 de março de 2012

Eos

Meu Amor,
Estão tuas consoantes a murchar
Têm um líquido triste
Lavemo-nos
Uma vez mais...

Aquele pássaro prisioneiro 
Teima em cantar.
Perdoe-me, amor
Por não assassiná-lo.

Porque o sol se apagara,
Não culpemos a aurora.

Minha falta de luz
é minha travessia.

E nada mais...

terça-feira, 20 de março de 2012

Silêncios














(Sugiro que olhes direto nos olhos da moça a coser.
 Tantas mais palavras lá estão a fervilhar.)

terça-feira, 13 de março de 2012

Santa Maria da Vitória - Ba  
   25/XII/10

O regresso ao interior tanto pode nos causar ânsia quanto, num depois, frustração. É o que me sucede. Mal completo meu terceiro dia cá onde estou. Ei-las! Minhas palavras de luz e fumaça. Começo a pensar em 'ser louco é bom' e outras tantas bobagens. Sinto faltas. Sinto minhas ludicidades lá fora. Quero ter os braços mais amplos. Quero louvar minha brejeirice. E sei que posso te trazer alguns paradoxos anunciados. Posso te dizer, por exemplo, como eu acho estranho frutas empacotadas, como se tivessem sido fabricadas, ou ainda a coisa mais absurda no mundo que é comer e não lamber-se. Eu posso dizer Você pode me entender? com muita precisão? Isso é uma pergunta mesmo, responda-a!
Aqui o tempo cochila nos olhos dos sapos. Ao lado de minha casa passa um riacho quando chove e se forma um coral de coaxos. Daí eu me sentir n'outra dimensão. É uma cidade pequena como outra qualquer,  e neste pedaço de rua há este "erro" de civilidade que me parece tão sublime e tão irônico. Quero abandonar e quero sentir. 
Mas ainda posso afagar meus cães durante horas e olhar naqueles olhos castanhos, melódicos olhos castanhos de bicho. Pentear os cabelos brancos do meu pai e ouvir os cd's de McCartney. Ainda posso salvar minha vida.
Sei que logo o tédio vai ser como o riacho. Por isso, no tempo propício, eu vou buscar ar na superfície e te escrevo. Ah, sim! Você tá bem?

Feliz Natal... essas coisas,
e um abraço!