sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Depois

"O prazer é compreendido a partir da relação da neurose leitora com a forma alucinada do texto"
(Roland Barthes)


Aí eu me intimidei
E os olhos expectativos
Trataram de cortar as asas minhas
A busca vã da rima com 'desejo'
É pobre ou rico
O verso?
Mas nasceu comigo
Vou lamber umas letras
E só
Aí me intimeidei eu
E vou encher aqui
Pra esquecerem o efeito
Vou reavivar um pisco
Que eu sou muito
Sou muito
Muito pouco
E já vou desistindo do texto
(Dizem que é homicida!)
Aí tracejo umas vinte vezes
A imperfeição
Depois eu como um pão
Com os dedos

Aí eu vi comida flutuando no sabão
Então depois...
Depois eu continuo
Não, hoje não sou pernóstico
Sabe, tem muito ar aqui dentro
Atrapalha
E minha falha.
E minha falha?
Juro! Foi sem intenção
Depois eu como um pão
Com os dedos
Não tem uma porra duma bula
Então fica assim mesmo
Depois eu
Como um
Pão com
Os dedos