quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Quantas coisas foram feitas para não ser compreendidas?

Meu coração roxo.

pingando, pingando,

arfante, cansado.

Se esvai o cheiro
de madrigal.

Um coração tão cheio
de quietude

murmura alguma dor,

um desespero
de será.

Onde o sol das onze horas?

Onde as conchas?

Onde Deus?

Porque não partiu meu cordão umbilical?

Não há dormir,

não há dançar,

orar não pode,

cantar jamais.

A veia lúgubre do desterro arroxeou meu coração.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

"E il naufragar m'è dolce in questo mare"

Ás vezes me vêm instantes súbitos de te dizer, como sou pessoa breve e pessoa calma, vou sustendo. A docilidade em seus olhos para aquecer em banho-maria, a docilidade dos olhos esteve ausente. Não se perdem as coisas, as coisas não se perdem nunca, até mesmo daquelas dores de cada um dos cem sonetos, porque não me há nada sequer parecido; e pensando direito, em guardar palavra sou matreira, fica mais um pouquinho ou como você é não sei, mas você tem me desfeito, fio por fio, então vou lavar-me em banho-maria. Troquei seu nome por Cariño e não te disse, não te disse porque você não teve seu tempo pra me esperar lembrar que eu queria dizer, se as minhas coisinhas correm mais devagar, nunca fui gente, vou beber meu suco de dezenove frutas enquanto te espero, você me espera? eu não sei. Deixa eu morder você e brincar dentro dessa luz? também. Já sangrou tanto, né? eu te espero. Quero deixar de ser e gritar voracidades no seu ouvido, as voracidades mais ternas, porque eu ainda sou eu.

Só espero dizer, mis ojos de oro, que toda vez tenho vontade de dizer que te amo tão doida...