domingo, 19 de junho de 2022

 Leona, a gata que nasceu dentro do meu quarto, é, para mim, uma grande lição de amor. Se eu tomá-la nas mãos, mesmo com gentil calma, ela logo trata de sair, empurrando sutilmente meu peito com sua pata. Ela não se deixa estar em nenhum lugar que a tenhamos posto por nós mesmos. No entanto, e não é difícil notar, ela anda em meu colo todo o tempo, basta que eu me sente ou deite em qualquer lugar e não tenha nenhum impedimento para seu pulo sagaz. Basta que eu deixe os braços soltos e receptivos. Ela sempre atende aos meus chamados, em nada parecida com os cães, tão ansiosos. Ela move seus lindos olhos cor de limão em minha direção e estende longamente o gesto, antes de se levantar. Ela pondera antes de agir.

Quando estou assim agraciada com o carinho de tão espetacular animal, preocupo-me em não desapontá-la, procurando não sair do lugar. Quando Leona decide se afastar, não hesita, ergue-se, estica a coluna, pula magistralmente no chão, vai subir na estante mais alta da casa. Deixa-me sem cerimônias.

Leona me comove com sua honra de viver. Seu amor é naturalmente antes por si mesma, só assim pode ser forte o suficiente para desdobrar-se ao outro. Leona ama porque é livre.