Estava agora mesmo com um García Márquez no colo, uma xícara do café mais simples das minhas mãos, e uma chuva fresca ansiada por toda a cidade salpicando-me as costas. E senti um deleite como há muito não aparecia por coisas tão fantasticamente ordinárias.
E penso, talvez tristemente, como haveria de reconhecer literatura tão bonita se antes não tivesse lido amargamente romances inferiores?
Como sentir inteiramente a presença aventurosa dessa chuva tão rara se não estivesse neste sertão cheio de sede? Como me alegraria de molhar o coração neste instante se não tivesse experimentado outrora a secura de alguns homens?
Como sentir amor pela vida sem trazer na boca o gosto da morte?
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