domingo, 22 de novembro de 2009

"el corazón, déjame libre!"

Quantas vezes quisestes voltar ao animal liberto para invejar-lhe as ancas mais as patas soltas e talvez confessar-lhe não reger sobre teu próprio sexo, e questionar-lhe como se corre, como se vive, como ser dono dos membros todos...

Se pudesse vê-lo nítido - com os olhos das mãos - pra afagar-lhe o pêlo de ouro e dizer-lhe no ouvido que antes fosse ele a razão pela qual vivia que o desejo simples de quebrar as correntes...

Mas as pessoas acobertam-se de razões anacrônicas para tolher a vida de quem ainda não vive...

Um resto de poeira luminosa pousa-lhe nas maçãs gélidas. Eis que avôa uma ave no horizonte sem cor.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Aniversário segundo

Acorde!
Perceba esse dia que vem. Seu dia que envolve, assumindo as janelas. Esse dia, seu.

O Primeiro pequeno pensamento de uma alegria sonolenta é "hoje", e me levanto dos sonhos azuis.

Tome, abra seu presente, hoje te ligarão, apenas hoje será lembrado.

Quando tocados os pés no chão desperto meu livre "serei".

Compramos refrigerantes! Nossa sobrinha te mandou um cartão.

Leio estes recados. Atendo telefones mudos, todos virão.

Venha, acorde, sua festa está pronta, seus convidados, seu bolo.

Minha festa, meus convidados... este copo, o dia é meu?

O barulho de conversas e músicas incomoda as vidraças, apunhá-la as portas. Todos aqui, não os vejo, há ninguém. Nada corre ao meu comando. Procuro cegamente o beija-flor, parado, perdido, na esquina, mas o beija-flor não é meu . Estas pessoas que me desconhecem, este cartão, este bolo patético, não é meu, este dia, não me pertence. Que não há nada de especial aqui, entende?