quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Um dos sentimentos menores
talvez seja este turbilhão
que não se deixa escrever.
Alguns dias de algumas semanas
Lembro-me de meu duro exercício
A existência.

A palavra assume a forma do abismo.

Dentro das profundas águas escuras
daquela caverna
posto os meus olhos sem brilho.
O anzol circunscreve
o único movimento
quase sem distância.
Muito de vez em quando
vem à superfície
um corpo luzidio.
Sinto o coração tremular.
Um peixe me olha
com seu secular desprezo,
desenha um arco de prata
e retorna ao nada.
Sinto-me ainda mais só
na escuridão de repente mais escura.

Passo a recolher vagarosa
o anzol mais leve
que a leve pluma rosada.
Demoro muito a recolher,
parecia alcançar
o caminho para o outro lado do mundo.

Procurarei outra caverna?

Por trás do pretume de suas paredes
Há uma certeza de diamantes.

Mas quem me contou
eu nunca saberei.