sexta-feira, 23 de julho de 2021

Indomável

Tenho a boca seca de terra aberta para o grito
Sou o animal ferido na floresta
A morte invade minhas pelejas
Seja no salto ou no risco
Seja no desejo de salvar o mundo
Sem antes salvar a mim mesma

A morte dançou comigo
Quando pari um sol pelas pernas
Abri-me feito vulcão
Enlouqueci para sempre
Fugi e voltei

Sou mãe
Tenho o poder de deus
E recrio, em casa, um milhão de universos

Sou profeta
Anuncio o dilúvio
Ensino e partilho
Um pão feito de lua

Sou poeta
Meu olhar transforma o horizonte
Choro condoída
E danço no fogo

Sou sexo
Desenho com sombras
Mergulho no lago
E nado com os monstros

Mas paraliso
Constantemente
Diante do portal em chamas

Sou um leão de circo
Desprendido de sua natureza

Quem sou eu?
Eu sou eu?
Eu preciso ser eu
Eu preciso ser minha
Eu preciso ser só
Eu sou
Eu decido ser