sexta-feira, 15 de junho de 2012

Prenúncio da Canción desesperada

Já hoje se tem três dias feitos
que nunca recebo carta sua
Verti quatrocentas e duras lágrimas
Parece que tenho a mãe morta
Parece que Matilde veio e me disse
que se quebrou meu porquinho australiano
Tenho desejos de matar Matilde
ás vezes

Voltei-me a lavar os pratos
até ter sangue nas mãos
Mas a louça nunca curou
amores de não amar-se
Comecei a quebrar os pratos
pra ver Matilde chorar

Três dias
a minha andorinha longe
Vejo não aguentar
Matilde caçoa minhas dores
Maldita seja Matilde!

Quarto dia
Tenho febre
A Saudade pesa seus sem-sentidos
Tenho urgências semânticas
você nunca chega
Te chamo bastardo!
Matilde...
Matilde se dane

Troquei minha saia puída
(desde o dia em que você partiu)
Pus presilha no cabelo
Bati à porta do Correio
(O silêncio mói meu coração)
O CARTEIRO ESTÁ MORTO?
Glória, senhor!
Tenho vida!

Dê cá minhas cartinhas.




sexta-feira, 1 de junho de 2012

Pelejo fazer um poema grande
Grande e sisudo
Que atravessasse
Que fosse gordo
e tivesse cheiro de chá
Um poema para Thiê

Faz três horas me reviro
Vejo mar, vejo renda
Vejo mel, vejo casa
de morar
Já vi até o
rosto de Benjamim
Sonhei que corria doidalegre
pelas ruas de Recife.

Fui desistindo
Desperdicei três horas de pensamento
Tô aqui deitada ao pé da cama
O coração que nem geléia de umbu
E o amor tá comendo tudo!

Essa praga que é a felicidade...



Plumas são pedras

Há tanta verdade na poesia
Que algumas pessoas se espantam.
Há quem desperte pra dentro,
Há quem não leia por certo,
Mas algumas pessoas se fecham.
É curioso.
Não podem sustentar a leveza
de uma terceira realidade.

(Nunca pude compreender
tamanha variança de gente...)