sábado, 5 de dezembro de 2009

Dos laços














Não lhes amei cada dia como um sempre
Não beijei-lhes as mãos por pedir proteção
Bem soubessem, este gesto solícito, perdoai
Carece a verdade das palavras vãs

Não me haveria de admirar o tempo antigo
Apequenou-lhes o ver lentamente, de sobejo
Da couraça em que as amarras vos sustentam
                                                        [aflitos
Em riso de dor choroso rastejo

Meus passos castrados
Meu livro em branco
O pranto no claustro
O silêncio do canto
estão todos esparsos

Vejo o mundo por janelas alheias
Desvanecer-se no ar que não respiro
De meu punho as trovas de areia
vão sumindo na praia do suspiro

Laços de sangue são como cegas ataduras
Por isso meus dedos calejados

domingo, 22 de novembro de 2009

"el corazón, déjame libre!"

Quantas vezes quisestes voltar ao animal liberto para invejar-lhe as ancas mais as patas soltas e talvez confessar-lhe não reger sobre teu próprio sexo, e questionar-lhe como se corre, como se vive, como ser dono dos membros todos...

Se pudesse vê-lo nítido - com os olhos das mãos - pra afagar-lhe o pêlo de ouro e dizer-lhe no ouvido que antes fosse ele a razão pela qual vivia que o desejo simples de quebrar as correntes...

Mas as pessoas acobertam-se de razões anacrônicas para tolher a vida de quem ainda não vive...

Um resto de poeira luminosa pousa-lhe nas maçãs gélidas. Eis que avôa uma ave no horizonte sem cor.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Aniversário segundo

Acorde!
Perceba esse dia que vem. Seu dia que envolve, assumindo as janelas. Esse dia, seu.

O Primeiro pequeno pensamento de uma alegria sonolenta é "hoje", e me levanto dos sonhos azuis.

Tome, abra seu presente, hoje te ligarão, apenas hoje será lembrado.

Quando tocados os pés no chão desperto meu livre "serei".

Compramos refrigerantes! Nossa sobrinha te mandou um cartão.

Leio estes recados. Atendo telefones mudos, todos virão.

Venha, acorde, sua festa está pronta, seus convidados, seu bolo.

Minha festa, meus convidados... este copo, o dia é meu?

O barulho de conversas e músicas incomoda as vidraças, apunhá-la as portas. Todos aqui, não os vejo, há ninguém. Nada corre ao meu comando. Procuro cegamente o beija-flor, parado, perdido, na esquina, mas o beija-flor não é meu . Estas pessoas que me desconhecem, este cartão, este bolo patético, não é meu, este dia, não me pertence. Que não há nada de especial aqui, entende?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009


De que consistência se veste o interior de sua boca? Seria como polpa de uva madura, e úmida ou fresca e cálida? Será mordida, ou pura seria, ou será mole e entregue ou pudica?
Que fita borda sua calcinha? Quantos laços amordaçam-lhe o colo? Quais pintas salpicam seu corpo, quantas marcas elevadas na pele?
Quais palavras a fazem ruborecer? E o quão rubro se torna seu rosto? Terá o olhar doce transmutado em lascívia? Cobrirá com as mãos os seus olhos?
Que cheiro se exala dos cachos? Que contornos traçam-lhe a pintura? Será dúbia a cor de suas súplicas? Será terna ao pedir e ofertar? E quando somente em ser convertida, leremos sua verdade nas curvas? Expressa aos montes de orgasmos. Quantos? Diga-me quantos daremos? Qual a sua profundidade? Em tais paredes sanguíneas macias?
Profana-me. [Castiga-me eternamente] Como minha alma lhe profana o recato, como meus olhos lhe profanam as vestes,
sorvendo-te de glóbulos fervorosos...

domingo, 16 de agosto de 2009


Estes quase pelos forrando as coxas de dançarina ilúcida. Encontram-se ou repelem-se em fileiras erráticas pelo aperto das meias-calças. Respiram agora meio livres na pele, decaídos depois da marcha. Gloria, Gloria, sonha derretida, de membros confusos, como azeite acrescido em água, estão contidos nos panos mas se destacam fatigados. Os braços cativos que há pouco mordi, ali inertes para apreciação. Seu joelho flexionado, toda ela entregue, mais a mim que ao sono, como se fingisse marota, mas a pulsação é branda. Gloria dorme nas minhas pupilas.
Quando tateei sua nuca firme, como se me estalasse um ponto perdido dentro dos ossos, sofri num beijo doloroso de tão ardido, nas bocas despudoradas pelos anos distantes. Violentou-me com a língua sem palavra sequer, se tivéssemos esquecido os nomes, abandonados ficariam.
Revejo-a nos requebros desta noite, no espetáculo dos seios que iam e voltavam-se pelo passo rápido dos ombros, e vibravam insinuosos, fazendo-me fitar os mamilos duros feito faíscas num corpo nu. Tão mágica, quase perfeita em suas pontas agudas, seus rodopios...
Ela, nesse instante, vagueia por algum labirinto longínquo e eu me deixo observar o movimento de seus olhos encortinados... me faço lembrar de minha língua estendida, quase redonda nas esquinas de seu corpo, saliva pelos quatro vértices dos dedos do pé, que esfregavam-se então escorregadios, a boca que engole um joelho inteiro, qual fruta devassada por dentes, passei a ponta afinada, ainda gotejante, nas carnes por dentro das pernas, e suas mãos buscavam em vão vingar-se da tortura, rasgara o lençol, eu ria.
Aspirei aquele cheiro molhado, de mudar o branco dos olhos, sua púbis muito negra entreabrindo-se no meio da contorção, irradiando a umidade excessiva. E ouvindo o canto mais puro que uma voz pode oferecer, lambi-lhe os lábios engrossados em sangue, em movimentos tão leves e fundos que o gozo lhe pousou pesadamente: "Amor... amor, eu quero... morrer..." Rastejaram seus últimos gemidos; e eu dizia: Gloria.
Transbordou-se pelo cômodo e agora se condensou em cima da cama, pela última vez. Caiu deixando-me seu gosto impregnado. Rememorá-lo, farei. Mas ela ainda dorme com as pernas e a boca abertas pra mim. Depois de fixá-la assim lívida e superior, dançando nas nossas madrugadas, depois de de novo chupar seu suor, irei então, outra vez mais, irei...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Condição

O amor expõe todas as nossas fraquezas, as deixa eriçadas qual meninas no vento, as espalha num quarto fechado e de acolchoadas paredes. E dentro, maciços e submissos, estamos em concha hermética, apenas ali nos permitimos ser ridículos.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Eles


Vocês que outrora escorriam de livros suas letras nuas, tão sábia mudez. Eram tanto taciturnos... entretanto falam, sorriem, são gente, meu Deus!
Se escrevem tal deuses que razão há de haver voz?
Que razão há de haver canto?


Imagem: Clarice Lispector

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

São João

Os dias eram fitas inventadas
Os dias são fotos e gavetas
mãos dadas, pés pequenos
alegria derretida
resumida a botas pretas

Restam as fitas amareladas
Meus pares menores não os tenho
[Sou ímpar]
Os joelhos me saltam das saias festivas
Os rostos recusam as pintas roubadas


Melinda



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Nascida do pó das estrelas
E da água dos mares
Melinda era a senhora dos vales
Seus cabelos eram caudalosas cascatas
Seus olhos duas safiras suaves
E sua pele de nuvens de prata
Os dedos açucarados desenhavam a aurora
No hálito frio habitava o vento
A boca era rubra de amoras
E suas mãos amaciavam o feno
Possuía badulaques dos mais morosos
Por todos os mortais cobiçados
Um diamante reluzente a que chamavam Lua
Um doce gigantesco a que chamavam Astro
Melinda perambulava pelo céu
Para vigiar seus pertences na Terra
Numa mão a lua cor de mel
N’outra mão a lívida esfera
Quando Melinda avistava humanos
De machados munidos e foices afiadas
Olhava, angustiada, todo o campo
Esmorecendo num pranto de gotas douradas
Chorava por noites imensas
Num desejo vil de salvar seu paraíso
Os pássaros tristes e a relva tensa
Olhavam-se tácitos de prejuízo
Melinda secara todas as lágrimas
Fazendo os dias tornarem-se ocos
As cabras caíam desalmadas
E os rouxinóis engasgavam-se roucos
As borboletas esfarelavam-se em massa
O veludo das ovelhas se enegrecia
Tornavam-se opacas as acácias
De um amargo infinito era o sabor do dia
Até que vagarosamente as flores tímidas coravam
Despertava, ainda trôpega, Melinda
A dedilhar os dedos magros sob as nuvens que acordavam
E a derramar os cabelos por sobre a terra fina
E frutificava as árvores e verdificava os pastos
E outra vez alimentava seus algozes
Mas não se cansava em seus longos passos
Dormiria tranquila nos braços da morte
E tudo voltaria ao nada
Até brotar outra vez o que chamariam vida
Mas no pó das estrelas e na água dos mares
Jazeria Melinda profunda e esquecida.


quinta-feira, 16 de julho de 2009

"A Quo"

Não valorizes o corpo
Não sublimes o corpo
este atado de boas ligações
jungido de coisas diminutas

Não inflames o corpo
Afrodisíaco Apolíneo
É breve
Encapuza coisas mais

Não vanglories o corpo
No rosto toda a alma se perfaz
As portas de pedra castanha são luz
No rosto há tudo
Tua graça e tua mesquinhez
Tua lágrima e teu nada
Teu bonito tua bruma teu riso

Mas teu corpo
Uma chama tremelica
Um sopro desespírito
mormente corpo vivaz
Que não diz
Somente corpo
Apenasmente corpo
Não lhe traduz
Exposto
Muito pior
Finge

Revelados pormenores
Que cortesia terás?



Imagem: Audrey Tautou

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O Poema ficou Pequeno pra você


O poema ficou pequeno pra você, meu bem.
Nós fazemos em chãos de madeira e redes bem trançadas, pra contar - As mãos brancas com todas as regalias e a dissolução de todas as nossas cores não dão conta. Exigem-me pausas, preciso afastar-me e conter. E dizer fazer - é fazer que se pode? Fazemos? Agimos?
Sua língua exasperada em pêlos de negrume perfumoso. A reação caudalosa com a baba. Escorrer persistente de gozo estarrecido. Derramar nossos pedaços pra recolhermos tão vivamente renascidos. Fizemos?
Todos os fluidos nos foram purificados...
Ou palavra suave, ou palavra sem alma, não serve, você as esmaga, meu bem, não vê? Organizem orquestras, lambuzem maçãs, modelem os metais, nada susta, pois estas ramificações estão bem nutridas e não decifram sintonias em receitas baratas.
Que há a dizer, meu bem? Dizer que há nada traduzível. Que tudo foi escrito pobremente manchando nosso nó de
dedicatórias inferiores. Estes signos que sujam as digitais dos seus pés, amor, lavemo-nos!
O nosso riso figura a metonímia do todo desconhecido e inatingível (por vezes exilado). Tão simples, tão simples, entregar-se, desfazer-se, não fingir, não finjas, vos fale! Não deixem trancafiados os teus gemidos!
Reais em demasia, não choram, não se deleitam. Tão pequenos, meu bem, e logo nós, grandiosos, infundados, malucos, sem medo. Sementes douradas espreitam-nos em dimensões futuras. Somos plenos. [lindos e pretensiosos]
Aperta-me mais, amor! Aperta-me até nossos ossos se tocarem. Segura-me! Deixa a dor fragmentar-se. Seremos livres. Multiplicaremo-nos.
Sento-me em minutos travestidos de séculos terríveis. Queixo-me dos seus exageros, mordendo a carne dos beiços ansiosos por pura e obviamente ter amor, "reprofundo", misterioso, egoísta... seu.
Que não há outra vida, não há outra razão, houveram-se ignoradas.
Tecemo-nos em fios inquebráveis...
E seremos livres, amor, multiplicaremo-nos, dançantes e leves como plumas rosáceas...

Imagem: O Beijo (Klimt)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Fabular


"O homem é um animal reincidente no erro, e que se nutre de metáforas"

Murilo Mendes - A Idade do Serrote



Cortarei os fios da vaidade


Para o plantio de hibiscos


Cultivar-los-ei pernoitemente


E quando florescerem


Terei todos os homens do mundo


Pois a beleza salvará o mundo


O belo, o bem


Salvarão o mundo


Os brotos de begônia cristalizados


Erguerão elefantes


E terei todos


Serei tudo


Pois a beleza salvará o mundo


Terei-lhes por debaixo


De meus cabelos de narciso


Terei todos os homens do mundo


Altivos, sedosos


Meu cesto de hibiscos


Arrastarei por sobre a terra


Pois a beleza salvará o mundo


O belo, o bem


Salvarão o mundo


Pueril ou etérea


Ou crédula e parva


Mastigarei todo verde


Enormes vezes por segundo


A seiva de minhas folhas


Prolificará urzes benfazejas


Pois a beleza salvará o mundo


O belo, o bem


Salvarão o mundo


E açoitada ou estéril ou cega


Rasgarei em meus lábios


Sorrisos encarnados


Pois a beleza salvará o mundo


Cometerei vastos poemas


Desposarei todos os amantes


Terei cansados os meus anelares


Abandonarei pegadas profundas


Repousarei em campos diáfanos


E pelas metáforas e fábulas


Salvarei todos os homens do mundo

domingo, 7 de junho de 2009

Virgens Corolas


Graciosa, tu vinhas

Tu chegavas amanhecida

Teu vestido cor-de-laranja

Tua pele crispada e florida

Harmoniosa, tu vinhas

Teu peito vermelho elevado

Continha-se num abraço

Num bálsamo

E ofegavas por entre as mordidas

Deitavas-te lânguida, serena

De corpo em penugem suada

Chamava-me tua nudez vestida

Teu ardor de virgindade anunciada

Cálida, tu vinhas

Com teus pelos cor-de-verão

Dilacerar as fibras d’alma minha

Desvanecer-me em amplidão

Morna, tu vinhas

Semente suave sobre meu rosto

Clamando-me pausas arrependidas

Ao deflorar os botões de teu dorso

Estremecida ficavas

As saias derramavam-se perdidas

Sussurravas quereres tão torpes

E relutavas com pernas indecisas

Mas tão distante mergulhavas

Que o querer mais alto gritava

E te descompunha o rasgo dos lábios

E ouviam-se pedidos ávidos

Então, de pungente, calavas

Apertavam-me tuas mãos pequeninas

E num espasmo assustado ficavas

Saboreando os quereres ainda

E cerravas os olhos molhados

Ao cessar teu mar de lamúrias

És, agora, um ninho umedecido

De corolas derretidas e púrpuras



Tema: Palavras quentes







sexta-feira, 22 de maio de 2009

Pêssego



Me chame Buendía
De pulcra boca adocicada
Tenho lábios úmidos d'um cítrico luzidio
E dentes encharcados de macia frutose
Rasgo os gomos suaves de teu pomo alaranjado

Os folículos de minha língua de sede regozijam

E o veludo líquido transborda pelas clavículas...








P.s.: Aula de Criação Literária. Tema: Café da manhã



Imagem: (Dante Gabriel Rossetti)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Pérolas Frias

Cansei-me deste lençol de gelo
a cobrir-me as faces
Este invólucro não derretido
a roubar-me o real.
Aqueço-me de alma e de corpo
e vejo caídas as pérolas frias.
Bordo com fios estreitos
a burca que pende aos cílios

E vejo-me astigmata outra vez

sábado, 2 de maio de 2009

Tenho seios desalmados



Tenho seios desalmados, assim
Tristonhos de veias roxas
Seio cru, profanado, mordido
Tenho seios desalmados
Umbigo sujo, é
Profundo meu nó
Dos deuses mitológicos
Joelhos rebeldes
Pelas farpas
Marcados
Não é colorido
Meu pelo
As panturrilhas
São tímidas
Pestanas e têmporas
Dentes unívocos forrados
De resina
No cabelo não há cá
Tinta

Meus dedos dão as mãos
Em volta dos tornozelos
Elos torno-os
Os glúteos são
Livres, são
Oleosamente
Dançantes
As mãos e a cútis são
Amantes
Sorriem nos passeios noturnos
Meu corpo tão mole e leve
paz e seios
Nó em tu
Meu santuário de
Células fugidias
Céu e lulas
E estrelas salgadas
Corpo único envolto
Em gordura
E doce
Meu
E humano
Jaz desfeito em alma
d'insanos
Trapos
Corpo solto d'avesso
Cor pó sol
Desfeito
Tenho seios desalmados


Imagem: (Gustav Klimt)

domingo, 26 de abril de 2009

Poetar é preciso IV

Relato de uma jornalista em decadência

“Desculpe, eu sou medíocre! Demorei muito tempo pra conseguir assumir, mas olha aí, parece que a terapia ta fazendo efeito. Hum, já que comecei falando de mim, espera, tenho mais revelações a fazer; meu excêntrico mundo egocêntrico me impede de ver além dos limites da viseira que roubei de minha adorada égua Jurema; tomei um choque quando era adolescente, por volta dos 19 ou 20 anos, que me impede de realizar as sinapses como as pessoas normais e tenho um horrível (e por que não dizer insuportável?) complexo de inferioridade, trauma de infância sabe? Fui uma criança sempre só, nenhuma outra queria brincar comigo, diziam que eu era feia, chata e burra, aí desenvolvi um hobby que me acompanha até hoje, passei a dedicar meu tempo a fazer críticas à vida dos outros; já que tenho tantos defeitos, outras pessoas hão de ter também; e vasculho mesmo, pra se ter idéia, fiz disso minha profissão, a internet passou a ser meu maior instrumento, afinal, diversas pessoas expõe publicamente suas vidas... confesso que tenho um apreço especial por criticar jovens talentos. Como conseguem esses jovens ser tão melhores que eu que tenho tanta experiência? E realizar combinações de palavras que eu jamais poderia um dia pensar que fossem possíveis? Não resisto, tenho que demonstrar publicamente meu desafeto por essas criaturas, e para isso, eu procuro qualquer motivo, critico o corte de cabelo, suas unhas esbitocadas, a maconha que fumou aos 13 anos de idade, a bala que roubou aos 5, as interpretações e trocadilhos que fez ao ler um poema de um poeta qualquer... sinto-me na obrigação de, como jornalista muito conceituada e renomada, denunciar esses crimes hediondos, é meu dever alertar nossa sociedade contra a existência de pessoas assim, não posso deixar que elas permaneçam impunes e continuem a escrever textos brilhantes e se tornem maiores do que o que minha capacidade tenta conter, tenho que difamá-las enquanto há tempo, enquanto são jovens e posso ferir-lhes com isso como sendo uma doença, pobre de mim que perdi a juventude e quero agora apenas atingir os que a tem. Eu sou uma vítima... por favor, eu imploro, tenham pena de mim!
Ass.: como é mesmo meu nome? (esqueci de contar, tenho um pequeno problema de amnésia, esqueço e me atrapalho muito quando se diz respeito a datas e nomes, às vezes até o meu).”

Ívylla Almeida

__________________________________________________________

Muitíssimo Obrigada, pessoas que se dispuseram a ler, se empolgar e escrever algo em resposta a "Desocupada Nível Máximo Ativar"; Nunca mais, óh, nunca mais (que pesar!), ao que parece, ela nos dará as fuças.

Grata, Ellen Joyce

sábado, 25 de abril de 2009

Poetar é preciso III

Adaptando a mensagem a todos os níveis intelectuais presentes:



Oi amiguinhos e amiguinhas!!!

Hoje, vou contar uma historinha muito esclarecedora, sem usar nenhuma palavra difícil ou conceito literário!! Olha só que legal!!! Finalmente todos poderão entender!!!



Era uma vez uma menina chamada Autora Mineira Desconhecida.

Um dia, ela leu um poeminha muito meia-boca de um carinha de óculos e bigode, e pensou:

"- Nossa! Que lindo! Chorei litros! Adoro poesia! Sou uma pessoa inteiramente mudada após essa leitura! Vou guardar esse sentimento para todo o sempre em meu coração juvenil!".



Quando nossa querida amiguinha Autora Mineira Desconhecida cresceu e descobriu como usar a internet e o maravilhoso e mágico mundo dos blogs, ela pensou:

"-Huuum, e agora? Como irei nomear meu novo espaço virtual para difusão de idéias literárias (ou não) pelo mundo? Já sei!" –

Pausa dramática para surgimento de uma lâmpada acesa no alto da cabeça da Autora Mineira Desconhecida –

"- Que tal se eu me inspirar em um poeminha meia-boca que guardei para sempre em meu coração juvenil? Meu Deus!!! Que idéia genial e inédita!!! Aposto que NINGUÉM MAIS NO MUNDO teria a OUSADA E BRILHANTE idéia de usar a corruptela de um poeminha meia-boca que guardou para sempre em seu coração juvenil para nomear seu espaço virtual para difusão de idéias literárias (ou não) pelo mundo!!!!"



Enquanto isso...

(Musiquinha de mudança de local)



Era uma vez uma menina chamada Ellen.

Um dia, ela leu um poeminha muito meia-boca de um carinha de óculos e bigode, e pensou:



Etc. Aposto que aí vocês pegaram o espírito da coisa, não?

Então, vamos pular essa parte da história?



(Siiiiim!)

Continuando...



Era uma vez uma menina chamada Desocupada Nível Máximo Ativar.

Um dia, ela estava realmente desocupada, e resolveu comentar com toda sua simpatia e alegria de viver no espaço virtual para difusão de idéias literárias (ou não) de Ellen.

Ninguém entendeu exatamente o que Desocupada Nível Máximo Ativar quis dizer, provavelmente porque somos todos muito burrinhos e não freqüentamos as aulas de Teoria Literária na escolinha. Claro que nenhum de nós tem a inteligência necessária para discordar ou sequer compreender o que a grande e renomada jornalista Desocupada Nível Máximo Ativar disse.

Que pena, não?

Sinceramente, uma lástima.



E então, amiguinhos, chegamos na melhor parte!!!

Que é...

Qual a moral da história???



A) Todos somos muito ingratos, pois Desocupada Nível Máximo Ativar com certeza abdicou de muito tempo de sua atribulada e badalada vida de jornalista para se preocupar em escrever alertando sobre nosso crime hediondo de LER A MESMA POESIA QUE OUTRA PESSOA! Jesus, como permanecemos cegos a isso por tanto tempo??



B)Como o clássico do cinema Bambi já nos ensinavaa nos primórdios de nossa infância: (repitam comigo, amiguinhos!): "Quando não tiver nada inteligente para dizer, fique calado!" (Ou algo parecido com isso.)(O conceito de Licença Poética será explicado mais adiante no curso. Favor adquirir os próximos módulos.)



C)Get a life, bitch.





Escolham sua moral favorita com cuidado!

Afinal, é uma questão muitíssimo importante, crucial, eu diria.



Considerações finais:



As personagens da história infantil acima são meramente fictícias.

Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.



(NOT)





Reclamações e intimações judiciais podem ser enviadas para:

vá.tomar.no.cu.antes.que.eu.me.esqueça@gmail.com.





Beijos!

Nina

Poetar é preciso II

À Uma Quadrúpede


Plagiar. 1. – Assinar ou apresentar como seu (obra artística ou científica de outrem) 2. – Imitar (trabalho alheio).



Intertextualidade – o “conceito de intertextualidade” concebido por Julia Kristeva redefiniu as noções de “fonte” e “influência”, a partir da concepção de Bakhtin da “palavra literária”. Para o formalista russo, a unidade mínima de uma estrutura literária não é imóvel, mas constituinte de um cruzamento de superfícies textuais. (Ta acompanhando?). O texto literário é um emaranhado de textos anteriores, uma “escritura-réplica”, pois nasce de um corpus literário pretérito, de acordo com Kristeva. E, para Laurent Jenny, a intertextualidade não é um caos misterioso de influências, mas a assimilação e metamorfose de vários textos presentes em um texto centralizador que guia o sentido. (Quer que eu desenhe?). Dessa forma, vê-se que o cuspido clichê “todo autor é antes de tudo um leitor” tem motivos para existir; é a partir de produções antecedentes que cria-se o novo. Coincidentemente, Fernando Pessoa está presente no passado literário da mineira que está pouco se lixando pra essa discussão imbecil, da mesma forma que está presente no passado da poetisa Ellen Joyce.

Agora, famigerada Luiza Ninguém, você pôs em questionamento o talento de Ellen por ter uma mente tolhida e um espírito belicoso; ninguém se interessa por suas grosseiras e inócuas observações sustentadas por malabarismos argumentativos pseudo-intelectualóides-de-merda. Se você passou, de fato, por uma universidade – ou mesmo pela alfabetização -, deveria ter, no mínimo, um embasamento teórico literário em que se apoiassem suas críticas, pois não há desculpas para um erro tão imbecil.

Concluindo, você é uma burra sem noções de limite, pois atreve-se a criticar uma pessoa desconhecida de talento inequívoco; imagino imensuráveis as asneiras que comete em sua profissão, devido à essa arrogância e ao manifesto retardo intelectual.



Joana Lima de Souza Castro.



P.S.: Muitos blogs têm o endereço diferente do título, você deveria saber disso, já que é uma assídua visitante de sítios alheios; estúpida.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Carta a uma imaginária Luiza Bitencourt

Que tu sabes, chérie? Que tu sabes dos lírios das falas dos loucos? Dos simulacros perdidos pelas veredas dos livros? Que tu sabes destas unhas cravadas de intertextualidade? Quem és? Que sabes? Esse teu miolo anêmico ainda aventura-se por minhas “cópias”? Oh reencarnação de Platão! Redizer é preciso?
Amigos, amigos! Rebeldes, rebeldes! Vedes quem povoa meus pergaminhos? Surjam cabeças brilhantes! Pois a ignorância está a espreitar os nossos ditos. NIB, oh NIB, caros pseudos, pequenos fajutos, eis que a insânia vem trepar na tinta dos meus papéis.
Sabes que muito te prezo, senhora, senhorita? Teus relógios contam a mais que os dos outros mortais. Ora pois, tantas letras descortinaram-se para inúteis dilações. E tanto ódio gratuito requer longa generosidade.
És um ente? Um humano, um fiscal, um jornaleiro, um asno? És um olho, um olho órfão, pobre olho remelento! Oh, revelais-me! Em que mísero pó reduzi-me após teu feito miraculoso! Ai de mim, ai de mim! Nunca mais meus pés desfilarão pela Academia. Toma-me o repúdio pelos roubos tantos! Tornei-me inseto diante de teu preciosismo de jornalista, muito digno! Os deuses terão-me por ladra? Os deuses salvar-me-ão? Ai de mim, ai de mim! Acolho-me em teus “amplexos” inundada pelos meus prantos gigantescos. Que será desta vã poeira dos pés de Purusha? Vosso título – este cabeçalho de ideias mirabolantes – terás de volta, está entregue, leve-o Minas Gerais!
Depois dessas confissões, farei-me uma alma pura. Nunca mais, nunca mais! Ai de mim! Então, destinatária. Descanse agora tua xícara no pires, arrase essa gana pelos infernos alheios, encerre o aperto neurótico de tuas articulações. Veja quanto júbilo se engrandece em teu moquifo. Envio-te todos os aplausos do Copyright. Quem sabe honra ao mérito. Mas que feito, que feito! Mereces uma chuva de medalhas!
Vejam, caros! Mais alguns minutos de risos: A cortesã de globos curiosos é exaltada por esta réles artesã.
Diga-me, Chérie! Tu sabes o quão doce é o sabor d’um caralho? Tu sabes quão macia a epiderme de um membro em riste? Tu sabes, tu sabes do contato térmico entre o frescor d’uma boca faminta e a brasa aflorada d’uma glande? Ah, mas que “lástima”! A virgem cortesã aflita por carne quente. Digo-te segredamente: enfies uma boa no que teu de mais atesourado, verás tuas vis perseguições afogadas em fluido branco, verás cessarem teus devaneios doentios. Essas rabugices? Ah, um remédio inefável!
Quantos risos, quantos risos! Esconjurado seja Pessoa e seus navegantes! Quantos risos! Mas não censuro-te velha cortesã. Que admirável bolar tão exímio argumento (erguido em galhos de alecrim). Juro-te! Convenci-me de ter efetuado tudo o que julgais em teus relatos. Quantos risos, quantas palmas!
Congratulações à ilusória cortesã dos “alguêns”!

Estimadamente, a boa e velha plagiadora.



quinta-feira, 23 de abril de 2009

Poetar é preciso I

Bitencourt de imbecil não tem dono.

Ainda consigo me impressionar com o tamanho da ignorância e falta de conteúdo de alguns seres humanos, seres que portam pensamento (juram, pelo menos) e partindo dessa premissa, se acham no direito de devassar a intimidade e fantasia alheia. O melhor de tudo é que alguém que se diz escolarizado e conhecedor mínimo de alguma teoria literária põe em cena um dos conceitos mais obsoletos dessa: A originalidade, a autoria. Autoria? Poetar é preciso? Acho que já vi algo parecido antes, e, com certeza, não foi em blogs mineiros.
Mas, já que a intolerância (ou seria ignorância?) literária se faz presente aqui, devo listar um série de autores que devem URGENTEMENTE serem condenados ao ostracismo literários. Vou começar com o grande escritor Guimarães Rosa, um fraude, acusado pela ditadura do péssimo senso de ser um grande plagiador da obra de James Joyce, tem também as inúmeras intertextualidades do Poeta Gauche, que “pegando emprestadas” inúmeras referências clássicas, abrilhantou ainda mais a sua obra, e o que seria Oswald de Andrade e suas paródias? Digno de guilhotina não? Eu poderia passar a eternidade listando uma série desses autores “dignos de pena”, mas contrariando e plagiando os blogs alheios: Viver é preciso, aprender, mais ainda.
Ellen, minha queridíssima e fantástica arquiteta das palavras, a sua poesia vai além de qualquer conceito falho e clichê, a sua bagagem literária não tem espaço para ordinárias cópias de blogs alheios. E se a qualidade de um blog deve ser medida por determinados selos (Blogueiros de plantão, cuidado com as fraudes!), eu te dou o meu selo: ESSE BLOG É IMUNE À IMBECILIDADE ALHEIA, ele sustenta-se só e apoiado em um enorme bonde cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas, jamais pernas tortas.
Navegue sempre, minha doce e fabulosa escritora de 19 anos, mesmo que os ventos da burrice queiram soprar seu barquinho na direção contrária. Você é maior que isso.

N.M.

domingo, 5 de abril de 2009

Sacramento


... e conversamos sobre plenitude como quem descobre pérola dentro de concha. Porque tens esse hálito e a cumplicidade desanuvia minhas horas, já somos e não sou mais. Por esta dor firme de ter em mãos um esboço árduo, que nem sequer reproduz um Nós, sou-te e és-me.
Por jamais outro ser... por transformado em mel... Pelo pêssego e pela mão e pelo peito estamos acima do que nomeiam paixão. E pelo desnorteio que essa infinitude causa, a condição pequena de humanidade e defeitos, quase loucos ficamos, porque não somos deuses. Somos duas perguntas. Nosso pecado é a bondade.
A ausência de ar não mais sufoca. Imersa numa profundidão, já não busco a superfície, em minhas vias circula tua água serenada. Meu dia lhe tem sem teres meu dia, pois este templo não se mais pode desvencilhar dos olhos teus. Temos o tempo enlaçado aos nossos dedos. A que provações nos segredaram os espíritos?

sábado, 28 de março de 2009

Uma mulher que passa

Meu Deus, porque esta mulher que passa
De dorso frívolo e expressão vazia
Sem cor nos cabelos
Chamou-me os olhos?

Será teu semblante?
Um nada...
Tua boca pendida
E o lábio inerte?

Será Deus, minha busca?
Confundindo tais passos na relva
Com o adeus dos pássaros ocultos?

Meu Deus, porque esta mulher que passa
Não suscita-me um verso eloquente?
E insiste meu dedo em persegui-la?
-la em lugar que não merece?

Será teu andar que não diz?
Será teu braço dependurado?
Será Deus, minha busca
Pelo nada transfigurado?

Meu Deus, instigai-me pela mulher que passa!


P.s.: Aula de Criação Literária (Captura de um instante)

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ao Pai: Açucena

E depois que todos os poemas desenham teu nome
Tu vens metrificar a brancura da luz da pérola
E contar os grãos do corpo
Esquentar os pães dormidos
Sufocar-me de novo

Não compreendes o limo que escorre de meu útero
Nem os copos de vinho entornados de manhã
Os copos descartáveis de vinho entornados de manhã
Os copos necessários de vinho entornados amanhã

A sangria de que não me quero alimentar
Que tu comes lambuzando os beiços
E a engoma das tuas golas das roupas
A engoma gritante das calças curtas
Clamando-me que lhes arranque as bordas feitas, alinhavadas...

Dize
Que não me devo abusar do mesmo sexo
Mundanas coisas, materiais apenas
Se, contudo, vede!
Já beijei a açucena
Favo quente que não amargo como sêmen
Pétala de leite
Que não trazes em corpo teu

Não trago
Como tragas o universo
Pois tudo que for inútil
Cabe arrastado nos meus (in)versos
Tudo que não te diz
Diz tudo em palavra minha
A efemeridade da flor cravada em minhas ancas
Que tu não foste capaz de colher
Não percebes as estações do ano
Não te comoves com as crias dos animais
Não te sabes o que é um horizonte
Não te existe o abstrato nas folhas do tempo
Nem ramos de amor
No teu vento

Atiras-me ao ridículo
Do teu miolo inconsistente
Afeiçoastes, sou alimento
Tragam-me gesso pra este pobre coração mole!

Teu nome desfez todos os poemas

sábado, 7 de março de 2009

Menina dos olhos


"Deviam os mortais gerar os filhos de outra maneira, e não existir o sexo feminino. E assim não haveria mal para os homens."

(fala de Jasão em "Medeia" - Eurípedes)


Quando nasci, a enfermeira loura pediu-me ao pai: "Eu cuido, doutor, não conto não, fico caladinha! Ah que graça de menina!". Sabia mal o doutor José, quando reproduzia a velha história do deslumbramento da loura, o que lho tinham feito com a pobre criança no tal hospital.
Sete e um, horário do nascimento, a loura enfermeira anotara. "Até que tá sem lua, será que chove?". O médico, indiferente ao comentário, pede-lhe o alicate. Porque sim, foi com alicate que invalidaram minhas cordas vocais, com alicate e injeções. Eu me lembro. Puxaram-me da barriga, arrancaram as entranhas e logo estava na sala do final do corredor. Cirurgia simples, pois! "Outra fêmea com voz? Jamais!"
A mãe não gritou na mesa do parto, sua mesma anestesia me deram pra enclausurar as pontas ácidas do alicate em minha garganta. Eu só chorei, mas me silenciaram. Arregacei os braços pro mundo, o mundo me deu silêncio.
Abri os olhinhos, feridos ficaram. Eu gritava porque tinha medo, quiseram abafar. Supliquei. Porque não os olhos? Eles doem, não minha voz! Mas a bocarra não se mexeu por trás do pano. Meus olhos dariam-me duzentos pares de lágrimas naquela noite. E dois mil pares pra diluírem as palavras pelo resto da vida. "Acordo lógico", pensou, "tiro-lhe a fala, mas não vês que tens um lindo par de citrinos?" Vai-se voz, ficam-se lágrimas. As meninas dos meus olhos...

Não te podes falar, mantenhas-te calada. Mal grado a teu dono se te serves primeiro, se te pores à mesa um passo antes que todos. certas coisas se separam por natureza. Veio Eva para servir, viera Adão para ordenar. Pois tu, diabo em forma de mulher, tens reprimido o falo que te nascerias, tens repartido o vértice das pernas para jorrar sangue impuro e luxúria. És toda um adorno de sedução para que caiam em desgraça todos os homens d'ouro. Por isso, nada mais justo. Cortem-lhe pois, ao nascer, os dois músculos responsavéis pelo diálogo, porque mulheres são dadas como cães, quem de natureza submissa não precisa articular palavra alguma. Sem murmúrios enfeitiçados, dormiremos nós em paz. Se, contudo, as fêmeas se puserem a gesticular por demasiados minutos, agarrem-nas pelos cabelos e as façam calar o teu silêncio. Quando teimosas, raro rebeladas, soquem-lhes as pálpebras, sendo de preferência pelos machos de sua estirpe, de maneira que imobilizem-nas por completo, pois toda cadela comporta-se quando da ausência de linguagem oral.

Encapuzaram-me com vários panos perfumados. Só os citrinos cintilavam arregalados. Primeiro pedaço de rua: a saída do hospital. Primeira aparição ao sol: meu único sorriso. Depois um carro muito branco e um talho de uma casa estranha. Chegaram-me. Uma babá novinha aparou-me nos braços finos. "Oi, princesa!" Não respondi. Muitas cores, vários colos, alguns dias.
Mamãe não sabe do meu padecimento? - O médico roubou meu choro! - Foi o que disse, mas ela sorria. Porque? Então gritei com o olhar, nenhum sinal. A babá desconfiou, nunca havia ouvido um ruído, mas ela tinha cuidados maiores que os meus. "Dona Bia que é Dona Bia nunca reclamou."
Os pais nunca ouviram meus soluços, mas também não perguntaram porque.

P.s.: Homenagem ao dia da mulher