domingo, 7 de junho de 2009

Virgens Corolas


Graciosa, tu vinhas

Tu chegavas amanhecida

Teu vestido cor-de-laranja

Tua pele crispada e florida

Harmoniosa, tu vinhas

Teu peito vermelho elevado

Continha-se num abraço

Num bálsamo

E ofegavas por entre as mordidas

Deitavas-te lânguida, serena

De corpo em penugem suada

Chamava-me tua nudez vestida

Teu ardor de virgindade anunciada

Cálida, tu vinhas

Com teus pelos cor-de-verão

Dilacerar as fibras d’alma minha

Desvanecer-me em amplidão

Morna, tu vinhas

Semente suave sobre meu rosto

Clamando-me pausas arrependidas

Ao deflorar os botões de teu dorso

Estremecida ficavas

As saias derramavam-se perdidas

Sussurravas quereres tão torpes

E relutavas com pernas indecisas

Mas tão distante mergulhavas

Que o querer mais alto gritava

E te descompunha o rasgo dos lábios

E ouviam-se pedidos ávidos

Então, de pungente, calavas

Apertavam-me tuas mãos pequeninas

E num espasmo assustado ficavas

Saboreando os quereres ainda

E cerravas os olhos molhados

Ao cessar teu mar de lamúrias

És, agora, um ninho umedecido

De corolas derretidas e púrpuras



Tema: Palavras quentes







3 comentários:

Pobre esponja disse...

Bela poesia!
Semeie sensibilidade em uma blogosfera insensível. É isso aí, parabéns.

Pobre Esponja

Zana Sampaio disse...

encantador,
gostei tanto desse poema moça!

Água Doce disse...

Mui belo,moça!
gostei muito.
bj.