terça-feira, 22 de abril de 2008


O meu medo arrebata esta vaidade estúpida
Que limita, aflige e enfraquece minhas "raízes".

Essa vaidade sugadora que desespera e prolifera escassez.

E percebo, ilesa, que se espalharam pelo chão.

Avulsaram-se as cores pra delinear o branco mórbido da pele.
Sou menos que ninguém.
Se me arrancaram o encantamento daquele brilho tão intenso.

Se me despenco sem mais prévias.

E meu alter ego decompõe-se ainda plácido.
Medo sólido derretendo-se no desejo de recompor linhas perdidas
E o roxo fúnebre aparando as primeiras lágrimas

15/03/08

Vês a tenridade de todas as coisas? O tempo esgarçando-se por sobre o fantástico; A poesia do lírio, da pedra e do vidro... num toque, e de repente novos filósofos.
Vês a fronteira que nos separa do infinito? Um mar de matéria e descrença. De águas paradas e tácitas e mortas. Rasgando o véu do sonho. Navalha fiel dos limites.
Vês que perfeição defeituosa? O amargo alternando-se com o sabor natural. Goles de esperança pra estancar sofrimento. Sangue que é vida, seco que é morte.
Vês que já não tens aqueles olhos? Que se moldaram e já não choram incessantes. Flor de mágoas quase pronta em profundezas. Conforto pra perguntas que se foram esquecidas.
Vês quantas antíteses constituem a realidade? O dia feito sempre de últimos minutos. O bom Deus que se rebela contra os homens. Bem e mal em convergência eterna.
Quanta frialdade banha os caminhos vitais. Pois não deixe que teu rastro alastre apenas enganos, por fim, serás perda de sentidos, serás indiferente.

Comunhão entre plantio e colheita: complexa sutilidade. É dependente de gotas d'amor, paciência, capacidade de admirar-se e olvidar ervas daninhas, desfazer-se de tantas utilidades, caminhar sem pressa, matar o medo, sentir dor...
Não há fim...

Ellen Joyce
25/01/08