quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Todas as mães já falaram
das gotas que escorrem previsíveis
Nenhuma, como eu,
define
a dor de se abrir
Paraíso e
Tempestade
A terra que rachou
em mil labaredas
Para te engolir

Será que um dia a ferida se fecha?

Cada parte do teu filho
é bálsamo e unguentos
Mas a tua mãe,
a mãe da tua mãe
e a mãe do pai
são o sal derramado

A mãe chora a dor do filho
que ainda não entende ter nascido
O filho chora a dor da mãe
que perdeu sua figura no espelho

Ninguém compreende
nem há palavras
mesmo inventadas
para dizer que choramos
no meio do sorriso

Somos duas gotas
num oceano quente
Mãe é ilha de água
para seu bebê navegar

E por mais que tentem
Profanar
Esse nó
Fincado no meio
da polpa viva do seio,

esse nó de cujo ventre
nascem as galáxias
ninguém conseguirá partir.