sábado, 19 de outubro de 2013

Poema - O Pagador de Promessas

Uma promessa foi feita
para a vida de um burro salvar
por um homem simples e ingênuo
com uma cruz a carregar.

Ao lado de sua esposa,
caminhou sem descansar
e ao chegarem na Igreja,
enfim, não puderam entrar.

O pobre Zé do Burro,
ao ver seu amigo quase morrer,
viu-se tomado pelo desespero
e a Iansan foi recorrer.

Assim como o Senhor Jesus
em suas costas pôs uma cruz,
Mas como poderia Zé saber
que sua promessa não seria cumprida
que sua fé seria traída
e que a sua espera
estava somente o sofrer?

Fecharam as portas do seu destino tão desejado.
Então, Zé do Burro, incompreendido e revoltado,
decidiu o pé dali não arredar
até que sua cruz estivesse no altar.

O padre, tão rígido e intolerante
acusou Zé de um pecado presunçoso:
"Como um reles viajante
ousa imitar o filho do Todo Poderoso?
Esse tal de Zé
num terreiro de candomblé
diz ter alcançado uma graça.
Ele nada mais é
do que um demônio que se disfarça!"

Surgiram curiosos e aproveitadores
alguns riram, alguns eram defensores
alguns apostavam, outros questionavam,
mas ninguém sabia o que tinham passado
os dois que ali estavam.

Tentaram convencê-lo a não ir adiante,
preocupados com um desfecho pior,
mas a fé de Zé do Burro era tão grande
que nem a esperança o deixou só.

O drama de Zé do Burro
teve rápida repercussão,
vieram jornal, polícia e autoridades.
Estava armada a confusão.

Reinventaram sua história
o acusaram sem motivo e sem perdão.
Zé já não sabia o que fazer,
tentou se defender, mas foi em vão.

Circo armado e cerco fechado
caíram sobre o coitado
ouve-se um tiro dentro da multidão
Zé do Burro tem no ventre as mãos [...]


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Um comentário:

Unknown disse...

Parabéns pelo belíssimo Poema.
Gostaria de ler ele completo.
E-mail: rooh_alves@hotmail.com