quinta-feira, 7 de abril de 2011

Pirlimpimpim

Feliz daquele que acredita na esperança
Não sou triste nem alegre
Sou uma poetisa criança


Eu, aos 9 anos de idade

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Precisas voltar aos tempos ingênuos em que a literatura era pura emanação despretensiosa. Sem referências, sem hipocrisias, sem plumas e só pedras preciosas. Reverter o curso e voltar ao útero quente de mãe, onde não há pensamento e não há consciência, às rimas pobres que são despreocupadas, que não querem se ocupar de tocar âmagos e resistem silentes no baile monótono das palavras (embora cada uma delas tenha mil vestidos faceiros). Estas rimas, tuas amigas antigas, te estão saudosas e querem celebrar.
Pensas no tempo em que mal acabaras de aprender as letras e já achavas estar roubando poemas cecilianos, aquele ato bobo, jamais exclusivo, é tão cheio da terna invencionice infantil que as teorias o chamam hoje de intertextualidade. Eras brilhante e não sabias.
Precisas abandonar estes modos miméticos, nenhuma gente suporta mais sabê-los. Estás maçante, és uma pernóstica. A água se lhe escorre da peneira. A criança foge para longe. As tuas personagens entraram em greve. Respires.
A poesia nunca foi pedra, nem gota de bile, nem caule de alecrim, nem tule de seda ou nácar. Não exige aspas, foge dos asteriscos, se contorce de encontro às gramáticas. Ainda é pouco teu grau de desaprendimento. Em se treinando o desapego aristotélico uma vez por dia, há de se obter algum triunfo. Repasse teus mestres: loucos, crianças, putas, empregados domésticos, poetas. E não te embirres pela sensação de repetimento, originalidade é um conceito perdido, ela existe apenas sob a condição de não acreditares nela.
Por uma única última vez: poesia é todo o teu (i)material, as tuas portas todas abertas.
Por isso este claustro - precisas afastar a pilha de livros - este claustro pertence a ti, não a teus versos.


Os poemas têm direito à liberdade.
Não importa quem disse.

10 comentários:

Clara disse...

Me deu uma vontadee de voltar a ser criança de novo...

Lindo!

=D

Nina. disse...

HAHAHA que saudade deu de vc, meu amor !

Lucius disse...

Muito belo e verdadeiro. Parabens!

Skylink disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Skylink disse...

Compassos quase sempre se encontram em intervalos, por entre pálpebras e ares curiosos; cíclicos, oceano.

Se direcionas teu ímpeto a navegar em disfarce por mares nostálgicos ou águas em branco, faz bem em emergir e respirar poesias, vez ou outra, por sobre ondas agora virtuais e iridescentes.

Raiane disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anike disse...

Essas palavras me tocaram de uma forma muito particular e direta..
Como se fosse uma voz vinda la dentro de mim mesma pra me dizer e cobrar tudo isso ..

Muito bom!

KML disse...

Bom largar de mão a métrica, a rima matemática, o sentir com fórmulas prontas.Deixar de lado a gramática e a palavra macia. Bom, muito bom.
Eu que diria.

Reticências disse...

Que bonito, Joycer
saudades

Anônimo disse...

Não perca seu tempo a me criticar.Ninguém sabe dos meus sofrimentos,dos meus caminhos.Não perca seu tempo a me ofender,e mostrar o quanto es intelectualizada.Eu já estou farta de tanta falta de sensibilidade.