Estou escandalosamente feliz
A única coisa que agora se difere
das outras épocas da minha vida é a minha liberdade
Estive comendo apenas as bordas
Era doce
Contentava-me
Hoje, não
A única coisa que agora se difere
das outras épocas da minha vida
é que não tenho um homem
Ou melhor
Nenhum homem me tem
Os homens retiravam a minha vitalidade
Ocupando-se largos nos meus espaços
Sugavam toda a energia do meu coração
para depois clamarem:
Nossa, como você está vazia!
Preciso levar às mais jovens essa babilônica desmistificação
É bastante improvável que um casamento lhe traga qualquer porção de satisfação consigo mesma.
Não queira ser escolhida
Escolha!
Não queira apenas servir
Faça da tua vida um banquete!
É preciso reger o próprio destino
É preciso reivindicar seu corpo como seu território
É preciso pertencer a si mesma
É preciso conhecer as suas querências
para, então, persegui-las.
É preciso decidir
Conhecer-se, profundamente e em cada dia
E traçar um mapa,
com seus limites bem demarcados
Para quem ninguém os atravesse
É preciso saber quem se é
Longe dos outros
Estes casamentos romântico-monogâmicos,
Minha querida,
São gaiolas
Repletas de plumas, almofadas e diamantes
falsos
Tão confortáveis gaiolas
Não se esqueça para que servem.