terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Nunca mais produzi depois que se me deu
esta coisa chamada trabalho
Nunca mais uma estrela
ou palavra bravia
Todas as palavras estão mansas
Eu também

Acordo e um gosto amargo na boca
Não há tempo
Tudo diluiu-se na concretude
Tudo dissipou-se e é dureza
A vida é maquinal
O tempo, este é surdo
Não cabe o teu anseio,
teu anseio é fraco e pequeno
e triste o destino das horas

A mulher cansada
O homem cansado
As pessoas cansadas voltam
e não fazem amor

Um senhor morreu esfaqueado
A tragédia alimenta as famílias do país

É preciso extrair do homem
todas as suas únicas forças
E dar-lhe sangue alheio
dar-lhe vida pela morte do outro

Os homens são infelizes
e odeiam as segundas-feiras
Nunca mais viveremos
depois deste fardo

Pisaram na flor nascida na calçada
Ninguém a notou
Como é triste morrer deste modo.

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