Umas mãos pesadas, masculinas,
Repousam-lhe nas pernas
A boca que roça a orelha, concluo,
é também de seu pai
Num bar qualquer, à meia-noite
Uma criança, no colo,
talvez nove anos
Sentada, em família
Dedos grossos alisam suas coxas
Como o mais natural dos gestos
E ninguém percebe este escândalo
Amavelmente, este homem de cabelos brancos
Há poucos metros
Ensina à sua pequena
O que é o corpo da mulher no mundo
Uma propriedade para ser
Sutilmente devassada
Como bem quer o homem
Mesmo que pai
E eu, apenas eu, não evito olhar
Por que sei, com meus olhos de fogo,
Que este homem de cabelos brancos
Tem que queimar
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