Não desgarramo-nos do nosso impávido colosso! Nossos solos férteis hão de recusar as germinações da discórdia imposta pela herança histórica, aparentemente inquebrantável.
Este grande circo, meticulosamente armado, não redime a rebeldia dos filhos deste solo. Mesmo que decorram os mais inacreditáveis espetáculos desta terra, onde os mestres declamam discursos mascarados de liberalismo, num disfarce patético de grandes transformadores. Alguns dependurados em promessas inatingíveis, outros banhados de um populismo descarado. Promulgando o destino dos pobres, acumulando dólares em seus vestuários e bebendo o sangue do “respeitável público” em taças de cristal importadas. E claro, apoiados muitas vezes pelos perigosíssimos “reclames do plim-plim”.
Que adentrem no picadeiro os ilusionistas do direito, as marionetes da imprensa e os palhaços do senado, em artimanhas miraculosas, pois são milhões de corpos crestados pela labuta, que aqui suam por um pedaço de pão, ardidos pelo pesar do sol destes tristes trópicos. São corações sofridos verdes e amarelos e vermelhos e pretos e brancos e pardos e mulatos. É sangue que corre humilde em veias que a Deus pertence. Uma terra fecunda, que desperta a ambição dos maiores novos imperialistas. Mãe gentil que chora ao perder tuas crias para a seca e para a fome quando vê teu seio petrificado de leite expulsando-as para os infortúnios da vida nômade de retirante. Mãe que clama ao ver a miséria desumanizá-las e a escravidão torná-las mais ínfimas que insetos. Mãe que grita ao ver muitas das suas crias roubarem para evitar que a dor da desgraça tome seus lares por inteiro. E une todos no sentimento impune ao assistir o crânio de uma criança se despedaçar pelo asfalto de uma “cidade maravilhosa”. Uma mãe que alimenta esperança pra que não se morra de consternação, mas que não permite que o nacionalismo exacerbado invalide as mentes dos filhos restantes.
Tanta desigualdade paira por sobre os grãos desta terra, causando lágrimas de humilhação nos mais fracos. Há faces cicatrizadas pela iniqüidade e cabeças infectadas de alienação. Façamos nossa r’evolução! Não desacreditemos no futuro deste sonho intenso, não deixemos apagar-se esse já ofuscado raio vívido, porque de amor e de esperança esta terra cresce...
O sol da liberdade vai brilhar no seu desta pátria... amada... Brasil
Ellen Joyce
28/10/07