segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Ocorreu-me uma languidez insólita nestas tardes efervescentes, mas creio que não foi por causa de minha estrela de vida reluzente, foi meu carecer, foi minha busca recusando-se a cessar, foi meu presságio concretizando-se tristemente, foi a aparição das conclusões mal-vindas.
Porque meu peito não se fecha, não se protege? Mantém cicatrizes ou não permite ferir-se? E essa entrega inconsciente, banhada numa farsa de maior cuidado provenientes das outras vivências? E esse falso equilíbrio?
Meu espelho tem o rosto vendado e uma atadura, nela não se pode distinguir a quem pertence o sangue seco. Mas no alto, flores de laranjeira pendem muito alvas, dançando entre os fios ao vento brando, trazem a brisa mensageira e gotículas de saliva, é a anunciação esboçada nos hinos invisíveis, estes hinos saúdam um forasteiro de outro reino, o forasteiro tem sua imagem incompleta por trás da moça da guirlanda, perplexa no espelho. Ele tem voz macia e mãos graves, mas não se pode ver mais nada...
Outro dia onde as vontades se anulam em meio ao alvoroço das indecisões...

Ellen Joyce
21/10/07

Nenhum comentário: