sábado, 3 de dezembro de 2011

Quasindagação

Minha cabeça dói e meus olhos ardem. Tenho certeza de que isso não vai ser um bom texto. Textos escritos com vaidade - e casacos de pele - não são bons textos. Eu pus o búzio - e não concha - no ouvido porque eu quero ouvir o mar. O mar é imenso - eu sei - e eu não mergulho, eu ouço porque parece que foi feito pra isso. Parece. O mar também tem cheiro. De fora, os sentidos embonitecem. Tenho vontade de dizer O que significa isso? Tenho bastantes vontades exiladas. A minha mãe - que não é sábia - me ensinou que a vida não é um parque. Então não se pode simplesmente ir tocando no ombro e perguntar O que você quis dizer? Isso estraga. E talvez não se goste da resposta. O fato é que é muito fácil cair-se bobo por uma metáfora. Tive muito caso de amor com poema, mas eu sei - embora não saiba - que todo texto é maior que o fazedor. Que importa, Dalton? Todo mundo sabe que dói e mesmo assim cai de amor. Eu sei que cervejas infinitas fazem doer no outro dia, e eu bebo. Existem dores que já estão catalogadas. O negócio é escolher.
É assim que se faz quando se pretende ser direto.
(O mais direto dos poemas é aquele que emudece.)

3 comentários:

Unknown disse...

tão direto que quando emudece também faz eco,


abraço

thiê disse...

Sou o silêncio.

Saulo Moreira disse...

uau! Joyce.
esse texto fez minha testa.