sábado, 2 de maio de 2009
Tenho seios desalmados
Tenho seios desalmados, assim
Tristonhos de veias roxas
Seio cru, profanado, mordido
Tenho seios desalmados
Umbigo sujo, é
Profundo meu nó
Dos deuses mitológicos
Joelhos rebeldes
Pelas farpas
Marcados
Não é colorido
Meu pelo
As panturrilhas
São tímidas
Pestanas e têmporas
Dentes unívocos forrados
De resina
No cabelo não há cá
Tinta
Meus dedos dão as mãos
Em volta dos tornozelos
Elos torno-os
Os glúteos são
Livres, são
Oleosamente
Dançantes
As mãos e a cútis são
Amantes
Sorriem nos passeios noturnos
Meu corpo tão mole e leve
paz e seios
Nó em tu
Meu santuário de
Células fugidias
Céu e lulas
E estrelas salgadas
Corpo único envolto
Em gordura
E doce
Meu
E humano
Jaz desfeito em alma
d'insanos
Trapos
Corpo solto d'avesso
Cor pó sol
Desfeito
Tenho seios desalmados
Imagem: (Gustav Klimt)
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14 comentários:
Vou parar de comentar o seu blog pq eh inevitavel me tornar repetitivo, repetitivo nos elogios, adjetivos e sedas rasgasdas... bem repetitivo.
"a escrita do caos e do cosmos de todos os corpos"...lindo poema!
Belo poema! Passei a visitar mais seu blog depois da propaganda que meu irmão fez dele!
É conhecedora das "artemanhas" das palavras. =)
Ellen,
mesmo sem ter vasculhado o quanto gostaria o seu blog já o tenho como um refinado estímulo ao exercício da leitura e da escrita.
Cheguei nele através de uma amiga que me enviou a sua resposta a imaginária “Luiza Bitencourt”.
A algum tempo eu desativei o meu blog. Entre os meus desmotivos estava o fato de que o plagiaram (de verdade, rs).
Mas não foi o único motivo não claro, o plágio pode ser visto como estímulo também, mas não quero falar sobre isto. Em fim, a lendo-te senti vontade de voltar as minhas postagens e aos meus momentos mais silenciosos com a tinta preta.
Tornei-me teu leitor
Abração
Ygor Schimidel
Bem paulohenriqueweber, ñ tinha um título, tenho sérios problemas com eles...
É isso, então depois diga mais
Abraços
Bem, Felipe, um tanto ainda dispersa, respondo q estava afinal procurando alguma coisa (técnica) q desse um nó em quem lêsse, ñ tinha intenções de me aproximar dos concretistas tais. Mas q linsonja lembrá-los, pois. Confesso q por Saramago flertei com Todos os Nomes. O ritmo dele é algo surpreendente. Ah sim, acho lindos alguns haicais de Paulo Leminski, mesmo sem tê-lo em mente no momento do escrever, optei por esses versinhos curtos e destrinchados. E mais uma coisa, Qual é a senha?
Eu amo esse quadro!
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