ó, a minha vontade é a minha liberdade!
diz-me, cala minha boca
com teus gritos em planos superiores, quero-os
como todo o pecado
com que me abençoa
como tuas páginas brancas de desespero
faça-me, para minha liberdade
tua.
(...)"
Quero que saibas que amo-te doida e desvairada. Fodam-se místicos, rituais, comedimento, circunstância, apelo, sombra de dúvida, casaco de pele. Amo-te como Olga, filhote de urso, bola de cristal, vestido de flor. Quero-te para sangrar minha carne cingida. Quero-te morder os olhos que me castigam e beber tua febre em cálice santo. Vou cantar um gozo liberto, medir-lhe as feridas, brindar e morrer. Amo-te no meio do peito. Vou fazer-te um colar de búzios para que me deites sobre. E tecer cantigas idílias. E mostrar como um corpo ama. Quero-te doida e desvairada porque há muito espero Dionísio. Sofro de amores, quero que saibas. Vou rasgar meus cabelos e me pôr nua na praça. Uma Vênus ensandecida está cá dentro a pulsar, escalavrando-me o ventre, rogo-lhe desaflição. Mas Amo-te, amo-te quente e de ranhuras em salmoura! Mergulhei no mar imenso sem tapar meus olhos e tudo arde por ti. Quero espalhar no vento minha oração de amor. Adeus aos céus. Vem deitar-se comigo no sofá buarquiano. Vamos morrer como Sierva María. Sorvendo-nos.
Amo-te. Amo-te doida. Amo-te doída. Amo-te ainda.
Imagem: de Conrad Roset