sábado, 14 de abril de 2012

Café de manhã

Tenho aqui as mãos pasmas. temos canções-delicadeza e esta tinta vermelha. e todas estas músicas que cantam você. todas estas músicas que nos conhecem. as minhas mãos pasmas. meu coração calmo. um começo. um todo retornar-se.
Tenho aqui pés flutuantes. temos convites. e vamos dançar até a carne derreter. mascar a grama. abismar-nos. você não tem pressa, eu não tenho medo. e o tempo passa.
Enquanto acordamos (há pássaros dizendo nosso nome). enquanto miramos aquele horizonte. espreguiçarrr. vem a calmaria da manhã cedinha e cheiro doce de boca.
te tenho tanto carinho. dizemos. dizemos carinho e façamos outros. os passarinhos nos espiam. deixa, deixa. Tou fazeno saudade.
Você me olha do alto, você me olha de segredo. mas eu já estou a gritar, amor. já estou a gritar.
Sentemos à beira da mesa.

Um comentário:

thiê disse...

Um pedaço cada manhã, a mesa tá posta e tudo a fazer é sentar-se, aproveitar a luz matinal e aninhar os detalhes no pires, na xícara, nos dedos. Cada manhã é mais um segredo que se desfaz no pano estirado pra proteger o mundo que se cria no café da manhã... Sua escrita é delicada, límpida e leve, inacreditavelmente apaixonante. Inacreditavelmente apaix...