terça-feira, 21 de agosto de 2007

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Um emaranhado de fios reluzia dourado por cima do travesseiro. Uns olhos melancólicos, os lábios gretados. No rosto o resultado indubitável de quem agonizava em meio a uma ansiedade constante. De certo, era o cansaço que enfim a tomara. O cansaço dos ávidos, d’aqueles que anseiam por conformar a realidade a seu próprio ver, aqueles que ainda carregam uma dualidade seca e querem tragar o mundo com tamanha sofreguidão.

Os membros derramados misturando-se com as nuances do lençol, relutantes ao comando do corpo. Parecia-lhe que não mais se ergueria, que toda a pele fundia-se com as fibras do algodão macio do colchão. E pensava em tudo que a aguardava depois da mísera porta do quarto. A espessura tão fina quanto uma acha lhe transmitia a falsa idéia de proteção.

Os olhos agora vivos, cheios de pensamentos, buscavam forças na escuridão silenciosa que se incrustara em sua alma. A verdade era única e incontestável. Não sabia viver. Deixara-se envolver por aquela incomensurável agitação de ânimos, oscilando entre perguntas cujas respostas vislumbravam ao longe. E com esforço descomunal, porém vil tentou alcançá-las antes que esvaecessem, entretanto respostas não são palpáveis, por um instante pensou tê-las entre as mãos, mas de tão etéreas elas rapidamente se foram para seu mundo efêmero. Um mundo que ela desconhecia.

Um raio atravessou uma nesga no teto. Veio então o sol para afagar-lhe o rosto e amansar toda tempestade íntima. De súbito encheu-se de luz todo seu refúgio.

E o novo dia despertou-a de volta à vida...

Ellen Joyce

26/06/2007

2 comentários:

Marlon Wesley disse...

Aew cunha ta iluminada e inspirada mermu ein!!!
Mô legal o poema...Botei fé
Isso ae, agora é so dar continuidade
aheuhaeuhaeueahuhe
Bjooooo

Denisson Palumbo disse...

Ala a Linspector ...