terça-feira, 21 de agosto de 2007

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Do alto desses tão longínquos dias vividos, em meio ao deslumbramento de tantas dúvidas caóticas, encontrei-me então, vasta de novos olhares e conceitos, com a sensibilidade aguçada. Cada amanhecer enche-me de novas reflexões. Mas ainda há resquícios da áurea pobre que hoje cresce inesperadamente.

[Esmiuçaram-me os versos, irromperam-me a fluidez].

Como vezes tantas outras, a protagonista de minha ruminação é a (má) essência humana. Quão difícil se tornou viver! Quão extensa é a dialética universal! De quantos escárnios vivem os miseráveis!

Uma densa atmosfera de mistérios corveja sobre meus pensamentos. Desta celulose tracejada de carbono sólido nascerão meus anseios saciados. Porque entre tantas eras e galáxias...? Explicai-me!

‘Não existem razões para estarmos vivos, todo fantástico que via na perfeição das coisas naturais é mero fator conseqüente da nossa programação mental. ’ De que massa fétida encefálica surge tamanha insensatez? E que indagação leviana a minha!

Minha maior inquietação é saber de onde brotam tão perversos sentimentos humanos. Inaceito a hipótese da perfídia nata. Ou, para ser mais flexível, poder-se-ia dizer que na construção dos princípios primordiais do ser aprendemos a sufocar nossa crueldade, assim sendo, torna-se mais provável a origem da toda aversão ao bem, cravada na natureza de tantos mortais. Muitos talvez não tenham solidificado o caráter.

Quantas lágrimas ensangüentadas vertem de meu silêncio infantil! Que luta a que travei: Rabiscar alguns absurdos numa tarde revoltante. Quanto progresso nas batalhas pessoais “revolucionárias”!

Sinto a linha tênue que me separa da loucura.

E que questionamento imbecil!

De que adianta meu espírito estar fora de minhas limitações rotineiras, se nada mais sou que mais uma peça deste poço de iniqüidade? De que valem aspirações por transformar a esmagadora realidade se estou fincada no fundo dessa condição bestial? Somos metonimicamente ruins?

Não! Posso me perder nesta dor pujante por pertencer a tal imundície, mas minha ESSÊNCIA desperta-me a ternura de quem traz um coração esperançoso. De que viverão meus similares se me deixar adormecer na escuridão da desistência? Buscarei incansavelmente solos férteis onde possa germinar a fé de quem um dia ousou gritar pela esperança!

Ellen Joyce

15/08/07

3 comentários:

Fawkys disse...

"De que adianta meu espírito estar fora de minhas limitações rotineiras, se nada mais sou que mais uma peça deste poço de iniqüidade? De que valem aspirações por transformar a esmagadora realidade se estou fincada no fundo dessa condição bestial? Somos metonimicamente ruins?(...)"


Moça...a "limitação" é inversamente proporcional à força de vontade... à perseverança. E isso aí tudo você tem de sobra. tais ligada né? bjokas! texto lindo! E graaaande!! hehehehe.

Emmanuel

Ellen Joyce disse...

Adoreiiii
Mas vc entendeu o q quis dizer de verdade, certo? Esse trecho foi um pensamento súbito daqueles q precisam ser desesperadamente expelidos, sacou?? Logo no final, essas afirmações são todas invertidas qndo digo:
Posso me perder nesta dor pujante por pertencer a tal imundície, mas minha ESSÊNCIA desperta-me a ternura de quem traz um coração esperançoso. De que viverão meus similares se me deixar adormecer na escuridão da desistência?
Valeuuuuu! Esse é o Emmanuel!!!

Fawkys disse...
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