quarta-feira, 7 de julho de 2010

Relativismo

Temos todos pernas finas
Não vigorou-se a fibra forte
de pernas boas para a vida
Um irmão que esconde a finura
em camadas e camadas adiposas
Uma irmã que finge e se aprimora
para sua vaidade virar músculo

Só meu pai e eu assumimos
essa finura tão dura e recalcada
que contemplamos a nós mesmos
neste não gastar de corpo
que é não dizer,
que é bater de portas

Mas um dia o mundo explode
(Um dia o mundo explodiu)
Mas um dia o mundo explode
Outra vez

...E minha mãe exibe grossas pernas
de carregar casa no lombo

10 comentários:

Eduardo disse...

Sou seu fã!

felipe disse...
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Marlos disse...
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Marlos disse...

Que bom q a gente nao se conhece felipe, pelo menos assim eu nao corro o risco de ir parar na cadeia.

Ellen Joyce disse...

Felipe, cito um ensaio meu:
Num texto literário o sujeito empírico (autor enquanto vivente) mescla no plano artístico dados do plano real e do plano ficcional (...)Assim, o leitor deve levar em consideração os recursos de que dispõe o autor no momento de sua criação. Uma história literária, mesmo explicitamente biográfica, não deixa de ser ficcional. Eneida Maria de Souza chama-nos atenção para as chamadas “pontes metafóricas” entre fato e ficção. (...)ao levar em consideração os artifícios que exigem do texto sua poeticidade, o autor transgride a realidade em favor da obtenção de intensidade literária.

Só umas coisinhas desnecessariamente necessárias (creio q vc, enquanto ativo leitor, tem conhecimento disso td)
Pô, agora falar "boazuda" é, digamos, sacanagem!

felipe disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
felipe disse...
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Clara disse...

Tão linda como sempre, de pernas finas e palavras certeiras.
Sempre que venho aqui percebo que existe muito mais que esse mundinho aqui fora...suas palavras me levam além!

Perfeita.!
Mill Beeijos

Ellen Joyce disse...

Felipe, ñ era preciso se retratar (ñ em caixa alta, rsrs). Qndo vc disse 'bem apessoada' percebi q vc entendeu perfeitamente o q eu queria lhe dizer, eufemismo é uma coisa tão bonita, apesar de trazer certa hipocrisia. E creia qndo digo q isso td foi lúdico sim (eu conheço o humor de Marlos, e o ciúme tbm). Eu nunca gostei de dar "indicações", concordo com vc, restrige, mas meu receio maior foi desviarem-se do foco ('pernas finas' é só um detalhe), afinal, pecamos tanto pelo medo.
Ñ acho q vc causou transtorno. Espero ñ o ter transtornado tb, no mais, obrigada sempre por me visitar.

E Clara,
ñ sei como dizer pra vc de minha gratidão, o q sinto já ultrapassou há muito esse termo. Te adoro!

Ellen Joyce disse...

Ah, observando bem, ñ foi uma "indicação" (logo ñ se restringe). Isso é como uma "regra" presente em toda produção. É nesse pacto entre o leitor e autor q reside o conceito de autoficção (ou escrita de si)
Por isso ñ houve aki (acredito) nenhuma interferência no interpretar