Não tenho Deus
Tenho duas mãos vazias
cheias de desejo de vida
Há muito deixei de repetir mecanicamente palavras que não são minhas
Passei a reler poemas, com olhos silenciosos
e a fé dos bem-aventurados
Os poemas são minhas orações.
Não tenho Deus
Tenho deusas bem aqui na minha barriga
Sinto-me prenhe de palavras bonitas
E isso mais que me basta
De quem me condena a partir de sua torta régua
Eu sinto profunda pena
Sei bem que teu próprio deus desaprovaria
Jamais iremos mirar o mesmo ponto no horizonte.
Não tenho Deus
Tenho a mim mesma, redescoberta, viva, alegre e compassiva
Ingovernável, insubmissa
Divina
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