quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Ouça, Amor

Oh, meu Amor, tu não germinas mais consoantes no meu ventre. Mordi a tua boca como se morde poema gordo, no entanto, o que escorreu era ralo e tão vago que cuspi ao chão um crisântemo velho, aquele pegajoso crisântemo inodoro. E senti o útero secar-se...

Porque tu não vais embora ao invés de misturar-se neste ninho de pathos? Ah, maldito Amor ardiloso ascendendo minhas dores sepulcrais.

Deixa, Amor, meu coração ser oco. Deixa ser aborto esse morto, que minha solução é o nada.

Ouça, Amor,
Esquecer é trair

É inútil o imperativo ou a súplica se nada te posso dedicar...





Imagem: (Conrad Roset)

4 comentários:

Clara disse...

se é plágio ou não, a questão é que é perfeito, como tudo que sai de seus dedos... beijos

Ellen Joyce disse...

Sebe q há gente que nunca nunca nunca vai dar pra agradecer?

Água Doce disse...

"Deixa, Amor, meu coração ser oco. Deixa ser aborto esse morto, que minha solução é o nada."

Com ou sem inter qualquer coisa, vc é surpreendentemente fantástica.
Lindo.

Saulo Moreira disse...

Ellen, vc é realmente um dos textos mais li(n)dos desses ultimos dias.