Ouve, Rute, apenas ouve e lembra-te do grande olho estriado que pende do teto do mundo – mistério gozoso que inunda grosso o charco do corpo estortegado e retorna incólume ao seu lugar nenhum. Sede paciente, Rute, e ouve do olho espiralado o silêncio do seu nome que desaba sobre os tetos das casas vazias, inundando pegajoso as telhas para pingar – pouco a pouco a pouco – no chão cru do de dentro. Volve à olaria do teu pai e indaga ao barro marcado, abocanha a consoantes e vogais, enterra em teu ventre todos os sons e ainda assim não vais parir o nome do olho inamovível.
Acalma-te, parva Rute, e ouve tudo o que é inominável – inútil inquietar-se tanto, tu não te moves de ti -, apenas ouve e lembra-te do grande olho.
Joana Castro
3 comentários:
ai ai esse povo de letras que acha que escreve. abomino essa raça. vão arrumar emprego !!!
Seu emprego vai ser qual mesmo, ninha? (espírito Joana falando)
Sinta-se processada. ¬¬
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