domingo, 12 de fevereiro de 2012

Minhas vontades são as palavras



Minhas vontades são as palavras. Já que não posso, preciso pintá-las. Vou contar-te que o vermelho na minha boca não é puro milagre. Basta que se diga Eu tinha as faces ruborescidas e estava só. Entende-se.
Muito me parece que há pessoas feitas da mesma matéria com que se fazem os sonhos. Se há pessoas adoecidas da doença da palavra presa, aquela que é feita de sonho precisa salvar.
Sofre-se de calores absurdos nesta terra. Vejo o mar da minha janela. Suor e sal.
A deusa verte uma única gota de âmbar para duas bocas que não se beijam. Mas amanhã é domingo, e segunda ninguém saberá.
Minhas vontades são as palavras. Permaneço estupefata pela intensa verdade deste momento. Uma Vênus, muito calma Vênus, mora dentro de mim. Ela tem safiras no umbigo e um seio que freme de tanta alma. Não duvido que entre os cabelos escondem-se efemérides olorosas (como frutos pulsantes). Esta Vênus estava a dançar de vestido liberto e florido, e de súbito...
Aquiesce, coração! Não desesperes.
Minhas vontades são as palavras
aqui postas.
Meu branco sangue, palavra derretida, que é dor e que escorre.
Já que não posso, preciso pintá-las.

Um comentário:

Marlos disse...

Isso se chama talento.