quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Os Bichos














Não se pode sentar à mesa de bar com os bichos.
Os bichos não são irônicos
Não são ritualísticos

Os bichos andam pelados
Os bichos são políticos
Os bichos não guardam coisas
Os bichos são perfeitos
Os bichos são princípios

Não submetarás os bichos
A loucas delongas humanas.
Os bichos nos falam com os olhos.
A palavra mansa dos bichos
jamais sustentar-nos-á

Aprenda a quietude dos bichos.
Eles têm apenas a calma tácita,
A vasta calma tácita dos bichos

Quando muito, nos lambem feridas
Afagam-nos as mãos
Se deitam e
dormem
alegres.

Peço-te encarecida,
Não prefira-os sempre
para que não cogitem autismo.

Lembres!
Apesar daqueles olhos melódicos,
os bichos nos amam como bichos.
Não macules a asa da borboleta,
Ela nunca compreenderá.

Os bichos ainda são bichos.

Humildes e fáceis, nos são maiores
Não têm orgulho de seus polegares
Eles têm apenas a calma tácita,
A vasta calma tácita dos bichos

2 comentários:

Saulo Moreira disse...

E o elefante? Também?

Ellen Joyce disse...

O elefante, a cotovia, o boi, a preguiça...