sábado, 22 de outubro de 2011
Meditação sobre o ofício de não-criar
Sabe. Tenho pensado que eu não presto para isso de escrever. Veja bem. Primeiro de tudo: sou mulher. Segundo de tudo: sou mulher e otimista. Não tive experiências grotescas nem tanto desoladoras. Não inauguro nenhum estilo nítido. Não faço nenhum registro histórico.
Nem crítica, nem filosófica, nem dantesca, nem intimista o suficiente ou quase nada. Não penso em suicidar-me. Não acredito que não haja romance. Não sou melancólica, nem desencantada em alto grau. Não aprecio o uso de drogas. Costumo pentear o cabelo. Não que eu não seja aluada, sobretudo diante de coisas imprescindíveis, mas todos os meus vocativos têm por nome Amor. Sou feliz em demasia. A latente falta de sentido não me é angustiante. Tudo na vida é muito besta. Além do mais, sou monogâmica. Além do mais - além do mais, não sei intitular as coisas que me saem mais bonitas e meu nome é tão feio que nenhuma travesti quereria adotá-lo.
Sabe. Eu presto demais para me dar a escrever. Aí você veja, pra que mais meia dúzia de livro feito de sem-gracice?
Você quer saber o porquê? Você quer mesmo saber porque diabos não se escreve e pronto e cabou?
Ora, porque eu leio.
E lacrimejar piegas é comigo mesmo.
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4 comentários:
Joyce é por td isso q adoro te ler. Donrondondon! Vc foi o meu primeirp texto do dia. Viva a tontice e alegria.
você já foi hippie, minha querida, pieguismo é tão mais démodé que tudo que se possa imaginar no cenário da mudança de estilo na vida. Ainda assim, tenho te lido um pouco, e pouco a pouco vou me interessando cada vez mais. parabéns.
Quer viver a leitura
De tanto calor à rua
amo o texto! Só isso!
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